- Não busco adeptos - retorquiu Laureano após um silêncio. - E o proselitismo é algo que intelectualmente me repugna. Sim, entendo o artista, sobretudo o pintor, como um legislador, em certa medida, até, como um artífice de normas por via ditatorial. A criação artística não é um fenómeno colectivo mas solitário. Por isso a democracia não me parece possível na criação artística. É colectivamente que os comerciantes negoceiam, os sacerdotes rezam, os médicos curam e as prostitutas se oferecem. Desconfio contudo das associações de artistas. E sempre considerei as obras a duas mãos meros divertimentos pueris.
(excerto de Os Relicários, in O Retrato de Rubens, publicações Dom Quixote, 1985)
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