11.10.05




RUY VENTURA

memória


mal oiço o som do alaúde em tua casa.
não consigo ver a pomba
voando sobre a cinza,
no sepulcro da ruína e desta alma.
exumei com os olhos
o mosaico que rodeava, talvez, esse coração ?
mergulhado na água e na melodia.

séculos depois, encontro esse rosto
tão cedo escondido.
desenhado no mármore.
como numa fotografia.
esse sorriso escavando a penumbra da nave ?

a iluminação das lágrimas
no interior do vidro.

Mérida - estela funerária de Lutatia Lupata (séc. II d. C.)

(do inédito Habitação do Tempo, gentilmente enviado pelo Autor)

1 comentário:

Ruy Ventura disse...

Rui, agradeço-te muito a publicação e também a imagem da estela que lhe deu origem. Abraço!