RUY VENTURA
memória
mal oiço o som do alaúde em tua casa.
não consigo ver a pomba
voando sobre a cinza,
no sepulcro da ruína e desta alma.
exumei com os olhos
o mosaico que rodeava, talvez, esse coração ?
mergulhado na água e na melodia.
séculos depois, encontro esse rosto
tão cedo escondido.
desenhado no mármore.
como numa fotografia.
esse sorriso escavando a penumbra da nave ?
a iluminação das lágrimas
no interior do vidro.
Mérida - estela funerária de Lutatia Lupata (séc. II d. C.)
(do inédito Habitação do Tempo, gentilmente enviado pelo Autor)
1 comentário:
Rui, agradeço-te muito a publicação e também a imagem da estela que lhe deu origem. Abraço!
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