18.12.05

NUNO JÚDICE

ARTE DO POEMA


Eu pensava que escrever era uma escolha rigorosa de temas determinados,
e mais - que a progressão no poema, sem confundir um tema e outro,
pelo contrário iria estabelecer uma rigorosa separação. Entre,
por um lado, o interior dos sons, e por outro o rebordo exterior
do sentido, evoluindo este último segundo os efeitos próprios dos sons
em cada diversa sensibilidade.
Assim, estabelecidas as múltiplas zonas «poéticas», eu poderia designar
o que está escrito,
e assim mesmo irá ficar,
como um estudo de poética - ou «arte do poema».

(de O Pavão Sonoro, 1972)

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