[em face dos últimos acontecimentos]
TROVANTE
Beirute
Quem recordará como foi
Duvido que ainda haja alguém de pé
Que tenha dançado ao som das noites quentes
De Beirute
Será que alguém chora um ausente
Já não há ninguém para ausentar
Já não há ninguém para soluçar
Em Beirute
Em Beirute
Nem o sol nasce
Em Beirute
Como merece
É mais quente que o ar do deserto
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna
Que já não torna
A ser Beirute
Em Beirute há bares fantasma
Onde outrora o amor se acoitou
E a alegria andava lado a lado
Com Beirute
Na terra onde o calor é quem manda
Havia uma cidade que era assim
Dizia nessa altura mais para mim
Do que Beirute
Quando enfim a história virar
Num tempo de arqueólogos errantes
Veremos corpos e ruínas militantes
Por Beirute
Encontraremos gente tão velha
Que nem parece ser da nossa era
Beijaremos os filhos da guerra
E choraremos
Por Beirute
(do álbum Um destes dias, 1990 - Letra de Luís Represas / Música de João Gil)
Ladainha dos póstumos Natais
Há 1 hora
3 comentários:
Rui, que tal postares «Lebanon», dos Human League?
Vou "levar" a letra do "Beirute" comigo. A 17 de Julho tentei encontrá-la na net e só agora a encontro, finalmente. Obrigada por a teres postado.
Beirute e Bagdad, duas cidades mártires, onde impera o terrorismo vil de vários Estados.
Bonito poema.
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