10.9.07

[outros melros XLVII]

[dois melros ou o mesmo?]



EÇA DE QUEIROZ

Jacinto adiante, na égua tarda, murmurava:
- Ah! que beleza!
E eu atrás, no burro, com as pernas bambas, murmurava:
- Ah! que beleza!
Os espertos regatos riam, saltando de rocha em rocha. Finos ramos de arbustos floridos roçavam as nossas faces, com familiaridade e carinho. Muito tempo um melro nos seguiu, de choupo para castanheiro, assobiando os nossos louvores. Serra bem acolhedora e amável... - Ah! que beleza!

(excerto do conto Civilização, publicado pela primeira vez na Gazeta de Notícias, entre 16 e 23 de Outubro de 1892)


Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava:
- Que beleza!
E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava:
- Que beleza!
Frescos ramos roçavam os nossos ombros com familiaridade e carinho. Por trás das sebes, carregadas de amoras, as macieiras estendidas ofereciam as suas maçãs verdes, porque as não tinham maduras. Todos os vidros de uma velha casa, com a sua cruz no topo, refulgiram hospitaleiramente quando nós passámos. Muito tempo um melro nos seguiu, de azinheiro a olmo, assobiando os nossos louvores. Obrigado irmão melro! Ramos de macieira, obrigado! Aqui vimos, aqui vimos! E sempre contigo fiquemos, serra tão acolhedora, serra de fartura e de paz, serra bendita entre as serras!

(excerto de A Cidade e as Serras, publicado pela primeira vez, postumamente, em 1901)

2 comentários:

Unknown disse...

http://blogdapontamentos.blogsome.com/2007/09/11/

vejam isto:) é de um brilhante autor. se n se importassem punham um post sobre este lançamento.

bye;)

Buanca

Rui Rebelo disse...

é bom relembrar...