25.3.08

SOFIA CRESPO

1


oh noite faroleira

descansa no colo do meu olhar
esse teu pranto tão cansado

e atormentada voz que te assiste
desolação de mares arrebentados

inquietos sonos que construíste
nessa pedra que erosa até ao céu
à sombra dos que lá poisam

porque se de mim me fui
já tenho mar que me chegue

e sempre de noite rouca
inquieto o desejo dos passos

em vigílias de coisas que não vês
para além dos horizontes
corpolados entre céus e águas

e se te alcanço a densidade
sei voar ao silêncio

não vês tu que infinita ideia?

(da sequência outros poemas para descansar, in Anunciada Embarcação na Histeria, &etc, 1997)

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