PABLO NERUDA
XVI
Eis a árvore aqui na pura pedra,
na evidencia, na dura formosura
por cem milhões de anos construída.
Ágata e cornalina e luminária
substituíram seivas e madeira
até que o tronco do gigante
recusou a molhada podridão
e moldou uma estatua paralela:
a folhagem vivente
se desfez
e quando o vertical foi derrubado,
queimado o bosque, a ígnea poeirada,
a celestial cinza o envolveu
até que tempo e lava lhe outorgaram
um galardão de pedra transparente.
(tradução de António Manuel Couto Viana, in Por Outras Palavras, Vega, 1997 - original de Las piedras del cielo, 1970)
Agora tinteiros
Há 3 horas
1 comentário:
Belíssimo... e eterno, com a árvore, prestes a durar um milhão de anos!
Enviar um comentário