JOSÉ VIALE MOUTINHO
OUTONO
três
não há pessoas nas minhas palavras, no outono
que está ninguém dá dois passos e acena ao sol,
estão todos entretidos com as suas nuvens, com
os ouvidos colados ao chão, querem escutar o medo
e as vozes a tinta da china, os azulejos próprios
dos rostos quando as paisagens são como estas,
tristes e disponíveis, de mãos abertas e sujas,
percorrendo o corpo da terra, dos povoados
onde se ocultam as sombras, as sombras das folhas
e dos frutos, dos efeitos das tempestades, das folhas
de papel e dos versos, as pessoas foram-se embora
logo antes do nascer do dia, cansadas, desejosas
de setembro, de colherem as uvas do silêncio cru,
de fazerem os seus vinhos envenenados, receosas
da ciência que cresce nas grandes encostas como esta,
apetecendo prazeres entre urzes, giestas e silvas,
(de Outono: Entre as Máscaras, edições Afrontamento, 2003)
25.9.08
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1 comentário:
É bom vir aqui ler poemas... Deixo um abraço e um convite para o primeiro aniversário do meu blogue.
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