19.10.09

[outros melros LVI]

RUI PEDRO GONÇALVES


Desta vez não houve lezírias em pano de fundo.
Deixei as searas sossegadas
Imaginando o orvalho acordando os melros e as folhas da videira.

Imaginei demasiadas coisas (penso),
Enquanto os dedos da costureira nada consertam: nem o riso,
Nem a casa fechada na penumbra de uma rua qualquer.

Por acaso, abri um armário e li
Nitratos do Chile
E pensei – o mundo está bem adubado,
Bem temperado de sal, pimenta, picantes corpos.

E não encontrei nitratos no amor (erro meu, má sorte).


(in Telhados de Vidro - N.º 12 * Maio * 2009)

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Gostei deste poema. Não conhecia.

Marília Miranda Lopes disse...

Tirando os melros, e sem ofensa para os ditos cujos, o poema flui harmonicamente de sentido e sonoridade.

pdah disse...

gostei dos nitratos. tenho ideia de que é no noobai que existe um poster antigo disso. ou será noutro sítio?