[outros melros LXIX]
CATARINA SANTIAGO COSTA
És um melro azul-ígneo,
os meus tímpanos vibram com os teus gorgeios
— ouço o que cantas, não o que dizes.
Pergunto-me se preferia ser a magnólia
pesada de folhas e flores gordas
que terias por morada
ou um parasita mínimo,
alfaiata de bainhas e mielina
que se aconchegasse no teu cérebro,
assomasse à escotilha do olho
a ver-te o voo.
Sairia depois pelo teu bico em sinfonia
perguntando «queres que regresse?»
e «sim» ou «não» seriam respostas boas
desde que me mantivesses por perto.
Mas é hora de chegar a termos com a dieta aérea
e acolher o vazio infinito de Deus
até ele forjar mar e terra.
(de Tártaro, douda correria, 2016)
CATARINA SANTIAGO COSTA
És um melro azul-ígneo,
os meus tímpanos vibram com os teus gorgeios
— ouço o que cantas, não o que dizes.
Pergunto-me se preferia ser a magnólia
pesada de folhas e flores gordas
que terias por morada
ou um parasita mínimo,
alfaiata de bainhas e mielina
que se aconchegasse no teu cérebro,
assomasse à escotilha do olho
a ver-te o voo.
Sairia depois pelo teu bico em sinfonia
perguntando «queres que regresse?»
e «sim» ou «não» seriam respostas boas
desde que me mantivesses por perto.
Mas é hora de chegar a termos com a dieta aérea
e acolher o vazio infinito de Deus
até ele forjar mar e terra.
(de Tártaro, douda correria, 2016)
1 comentário:
Adoro <3
Enviar um comentário