30.7.17

EUNICE DE SOUZA



Os montes rastejam com mercadorias.
Luzes vagarosas volteiam
e descem as arestas escuras
em direcção a uma outra 
cidade térmite.

O deus da rocha vermelha
observa tudo o que se passa.
Falou uma vez.
Os pecados vermelho sangue
são suas testemunhas.

Deus da rocha, sou um peregrino.
Diz-me —
Onde encontra repouso o coração?

***

Não procures a minha vida nestes poemas


Os poemas podem ter ordem, sanidade,
distância estética do detrito.
Tudo o que aprendi com a dor
soube-o sempre,
mas não o pude fazer.




(in Poemas Escolhidos, tradução de Ana Luísa Amaral, Livros Cotovia, 2001)

Sem comentários: