MANUEL ALEGRE
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Uma atenção tão concentrada que
parece distracção ou mesmo ausência.
Navegação abstracta e a urgência de
conjugar o concreto e a imanência.
Ela colhe no ar a maravilha
depois diz a safira o mar a duna
procura o oriente o azul a ilha
e seu canto a reúne: única e una.
E por isso o seu gesto é como asa
onde há a Koré grega e a grafia
de quem junta os sinais e os sons dispersos.
E o seu poema é quase como casa
e a casa é o outro espaço onde Sophia
reparte à sua mesa o pão e os versos.
(de Sonetos do Obscuro Quê, 1993)
Praga, 17.11.1989 – A «Revolução de Veludo»
Há 5 horas
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