JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE
TERCEIRO CASTELO DE HOLANDA
O retrato de Joris van Egmond
bispo que foi de Utreque
adormeceu na primeira sala que dá para o
claustro da catedral.
Não há manhãs nem tardes
os olhos empalidecem
sob as bandeiras
dHolanda. Eternidade, cânticos longínquos
casas de dor reflectem os magros braços de
Cristo. Joris van Egmond fechou a loja
a sala onde repousa o seu próprio retrato
seguiu pela margem do canal. Ainda vi,
por instantes, um pato
sombreado de penas verdes
a que prendera a corrente do suave olhar.
Acabara de lançar severo anátema sobre a
cabeça coroada de um negro. Infligira-lhe
a torre de um castelo
o peso da existência de deus
sobre os escuros cabelos. Mas não era possível
encontrar uma alma triste, noite de nevoeiro e
outono; castanho que chega sempre
p'lo Novembro de Joris, bispo que foi de
Utreque.
Quantas moedas juntou para comprar um dia
o dolente corpo de um anjo
a Francesco di Valdambrino? Obstinado ladrão
quanto amoedou para que Jan van Scorel
pintasse o seu retrato? Cativo, ei-lo
agora, episcopus traiectensis etc. coroado.
(in As Escadas não têm Degraus, 3, livros Cotovia, Março de 1990)
POEMS FROM THE PORTUGUESE
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