SALVATORE QUASIMODO
NA FORTALEZA DE BÉRGAMO ALTA
Ouviste o grito do galo no ar
além das muradas, além das torres
gélidas de um dia que ignoravas,
grito fulmíneo de vida, e o ciciar
de vozes dentro das celas, e o chamar
de pássaro da ronda antes da alva.
E não pronunciaste palavras para ti:
estavas já no círculo estreito:
e silenciaram o antílope e a garça
perdidos num sopro de fumo maligno,
talismãs de um mundo apenas despertado.
E passava a lua de fevereiro
Aberta sobre a terra, mas em ti forma
De memória, atenta ao teu silêncio
Também tu entre os ciprestes da Fortaleza
ora vás sem rumor; e aqui a ira
se aquieta ao verde dos jovens mortos,
e a piedade distante é quase alegria.
(in Poesias Escolhidas, tradução de Sílvio Castro, editora Opera Mundi, Rio de Janeiro, 1973 - original de Giorno dopo Giorno, 1947)
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