EDWIN HONIG
Antes que as palavras
pudessem servir de conforto
uma definitiva amargura
dissipá-las-ia
- Ninguém apreende
o que está além de si
nem como
na mão quente
que lhe sustém o pensamento
o gérmen seu irmão
mata instantaneamente
Sempre
além da fala
e da cópula
há a guerra
e a morte
O criminoso
sobrevive à vítima
para se tornar
um homem tranquilo
Nenhum homem é
em si próprio
o inocente
que supõe ser
Há sempre
a guerra
o insignificante
reduzindo a lixo o essencial
o incêndio submerso
em densas espirais
e o desenho diluindo-se
sem o divisarmos
com a plenitude final
já à vista
Não há seres
interiores ou exteriores
só o frenesim dos anseios
bruxuleando
ao longo dos corredores
pelas infindáveis trevas
Na luz
não há coração
só a degradação
e a dissipação
da sempre mesma luz
Sempre
a guerras prestes a eclodir
toda a luz
desaparece de repente
todo o pensamento
se esvazia
Não há
primeiros nem últimos
só o amargo fim
(de Dádivas de Luz, tradução de António Ramos Rosa, editorial Caminho, 1992 - Caminho da Poesia)
dois docinhos do Xana
Há 7 horas
2 comentários:
antónio ramos rosa :)
sim, e a seguir também.
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