ANÉIS DE CINZA
A Cristina Campo
São as minhas vozes cantando
para que não cantem eles,
os amordaçados tristemente na aurora
os vestidos de pássaro desolado na chuva.
Há, na espera,
um rumor de lilás rompendo-se.
E há, quando vem o dia,
uma partição do sol em pequenos sóis negros.
E quando é de noite, sempre
uma tribo de palavras mutiladas
procura asilo na minha garganta
para que não cantem eles,
os funestos, os donos do silêncio
(de Antologia Poética, tradução de Alberto Augusto Miranda, O Correio dos Navios, 2002 – original de Los Trabajos y las Noches, 1965)
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