CARLOS DE OLIVEIRA
REBANHO
Poeira que o granito
desprende na sua
respiração difícil: prata
sem consistência, faz
pensar num resíduo de estrelas
acumulado pela noite; cor
e peso na leveza da lã,
cai sobre os animais? ou paira
etérea, estranha
à essência da terra?
A segunda poeira nasce
quando se ouve
o toque trémulo dos cascos contra
o chão; opõe-se
à que poisou nocturnamente
e a pedra agora exala;
resguarda o gado, isola-o,
cada vez mais densa,
dessa ameaça do ar.
Quanto ao pastor,
como pode um detrito
de astros lembrar-se dele?
embora a natureza
de ambos pareça confluir:
mas apenas na intuição
sublunar; tão predisposta
a conceber um só
deserto inicial.
(de Pastoral, 1977 – in Trabalho Poético, 3ª edição: livraria Sá da Costa, 1998)
POEMS FROM THE PORTUGUESE
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