MANUEL GUSMÃO
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A mão do poema folheia a minha vida procurando
o sítio onde algo se passou, o sobressalto que ainda
hoje te mantém suspenso, indeciso sobre quem vive
na tua vida? Não eu esta mão guio; quem a guia então
se é ela quem me guia? Que podem os versos saber
desse sítio que o papel não chega para estancar.
O sítio retrai-se quando a mão se aproxima e contudo
é uma figura do medo que nele pulsa e se projecta
por cada vinco e dobra do teu corpo desconhecido.
O poema troca de mão e insiste que o que procura
é o sítio onde por duas vezes olhaste a tua morte
e não era a mesma
(de A Terceira Mão, editorial Caminho, 2007 - o campo da palavra)
30.4.10
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