11.5.10

[poemas com o Papa por cá - I]

JOSÉ AUGUSTO MOURÃO


das coisas peregrinas


que ousemos o entusiasmo
da luz de cada dia,
a agilidade dos vindimadores
socalco acima

mantém-nos, Deus ao rés da terra
e altos, de inquietos, vigilantes voos

não se esgotem as cisternas
da paciência para a vida,
nem os agapantos azuis
nos encharquem de clandestina morte

dá-nos o paladar das coisas peregrinas,
o lugar do vento que não sabe donde,
o sítio dos comboios nos apeadeiros breves

que no rodopio das horas
a tua mão nos mostre o pino do sol
e o cheiro a mosto e a pão de milho
anuncie a ceia, a mesa da justiça, do bem e da beleza


(de dizer DEUS ao (des)abrigo do Nome, 1991)

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