ADÍLIA LOPES
COPIADO DE SOPHIA
Creio
na nudez
da minha vida
E
não me peçam
cartão de identidade
que nenhum outro
senão o mundo
tenho
(de César a César, 2003)
BÉNÉDICTE HOUART
sophia de ti
disseram-me que
recitavas poemas
em voz alta nos eléctricos
que cantavas nas ruas de lisboa
enquanto os teus filhos te procuravam
(viram a mãe, aquela que troca tudo e não confunde nada)
e dançavas frente ao espelho dos teus olhos
sempre sempre ao desafio
ah sophia
sophia eras
sophia és
(passeei pelo teu jardim
tão abandonado estava
deu-me vontade de chorar)
(de aluimentos, edições Cotovia, 2009)
ANA PAULA INÁCIO
Querida Sophia,
Afinal as mónicas continuam
são as de sempre.
Fazem psicanálise e ioga,
cabeleireiro aos sábados e depilação 2 vezes por mês.
Não têm filhos mas adoptam-nos
como dão guarida aos cães
têm-nos de toda a qualidade
e para qualquer situação:
de cego para quando acordam cedo
e o excesso de luz as perturba;
da pradaria se pretendem preciosidades
raridades escondidas;
de água quando temerariamente mergulham
Quelques centimètres plusfond;
Briard quando precisam de inteligentes
e corajosos ou de pelagem abundante e
algo ondulado como os define
o dicionário Houaiss;
e finalmente de guarda ou de
fila não venha a coisa tornar-se pior.
Por vezes, estes últimos, podem tornar-se pegajosos,
inoportunos, indesejáveis
pelo que recebem o nome de miúdo ou
tinhoso, como o do rabo comprido, o
que também as enfeitiça
por fugir à norma, ao vulgo, ao
tremoço.
São de sempre as mónicas
e quando falam ao telemóvel
usam uma voz recortada
como as mitenes da avó
e nunca amanham peixe
ou se amanham é para utilizar
as escamas em quadros florais
dispostos corredor acima.
Ao peixe comem-no cru,
para experimentar outras culturas.
(de 2010-2011, Averno, 2011)
POEMS FROM THE PORTUGUESE
Há 2 horas
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