15.6.11

(Groningen, 22 de Maio de 2011)



JOANA SERRADO


10

Da parede


Raspando
da parede
na minha bedstee bordada
eu ergo


13.5 miljoen m3 klei
1.6 miljoen m3 mattresses
1.5 miljoen m3 basalt
105 sleepschepen
60 sleepboten
60 elevatorbakken
37 onderlossers
35 zolderbakken
11 baggermolens
8 kranen
7 perszuigers
3 steentransporteurs
2 transporteurs



Vou fazer uma casa
de raízes estranhas.

Unhas de granito
já não tenho
apenas dedos de fadas
em barro, areia e basalto.

Recuperei
o meu novo país ao mar

Suo o sul
em retenções assalariadas

Um estilete na lama
para assinar
a aurora boreal.

Divisas
Para uma hipoteca de vinte e nove anos em sangue.

Os dictadores
foram-se embora.
Refugiados holandeses no paraíso incendiado.

(Slauerhoff não quer ficar na Holanda
Van Baaren está com os Deuses
Baladas atlânticas
são apenas tumbas.
E os bobos galhofando
na cidade.

Os mortos procuram a sua casa no Mar do Sul
ou Sidney
enquanto Al Galidi come batatas fritas.)

Enquanto eu
retiro
da parede:


croquetes
fricadelas
kipcornen
bamihapjes
nasíballen
krokanten
bouten


para os meus versos estaladiços.

A corrupção da gordura.
A drenagem do Sal.

E os meus músculos defrontarão a gordura
E as minhas estrias atravessarão o horizonte
E a minha pele flácida será quase vinho puro.



Todavia
Rita, irmã de sangue meu,

irei reclamar a minha nova Língua.


E as gruas, Rita, e as gruas
rangem
rangem bravas gruantes

Rita
sem escamotear
o nosso lugar.


(de Emparedada / Uit de muur Een gedichencyclus, Uitgeverij Passage, 2009)

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