LUÍS AMARO
CREPÚSCULO
Saudade o que
sinto
no íntimo da
alma
e segreda
baixinho?
Calou-se o
mundo.
Já me não
perturbam vozes
alheias...
Estou sozinho
e é quase
noite. Vou,
pela rua,
esquecido
do dia que
findou,
e é qual uma
doçura
a envolver-me,
a mim
que já supunha
ferido
da vida...
Caminho,
os outros
seguem... Eis-me
num canto de
jardim
a divagar... E
penso:
porquê esta
saudade
dum bem que
nunca foi?
Ah, de ilusões
vivemos!
Inda que sejam
falsas,
nós próprios as
erguemos.
E a noite nasce,
branda…
Regresso, já saudoso
desse anónimo instante
breve, silencioso
(de Dádiva, 1949
/ in Diário Íntimo, &etc, 2006)
Sem comentários:
Enviar um comentário