RITA TABORDA DUARTE
TORNAR-SE O SER CRIADO EM CRIADOR
A falsa-humilde condição de um servidor
E por fim finja não ser ele o criador
De quem afinal fingimos que nos criou
Porque alguém que escreve é também alguém que é lido
Por um outro alguém que se lê como num espelho,
À certeza inquieta do gesto devolvido.
É ténue a linha entre a verdade e a aparência :
E se o estilo é doce é menos novo do que é velho,
Que só pel' efémero se sustenta a permanência.
Nem se sabe por que medida se mede o homem
Sequer de quem nos recebemos por herança
Mais: talvez só sejamos sombra à semelhança
Das demais fábulas absurdas que nos consomem
(de Na Estranha Casa de Um Outro [Esboço de uma biografia poética], edições Asa, 2005 - colecção pequeno formato)
TORNAR-SE O SER CRIADO EM CRIADOR
A Francesco PetrarcaJusto é saber que cada um já retomou
A falsa-humilde condição de um servidor
E por fim finja não ser ele o criador
De quem afinal fingimos que nos criou
Porque alguém que escreve é também alguém que é lido
Por um outro alguém que se lê como num espelho,
À certeza inquieta do gesto devolvido.
É ténue a linha entre a verdade e a aparência :
E se o estilo é doce é menos novo do que é velho,
Que só pel' efémero se sustenta a permanência.
Nem se sabe por que medida se mede o homem
Sequer de quem nos recebemos por herança
Mais: talvez só sejamos sombra à semelhança
Das demais fábulas absurdas que nos consomem
(de Na Estranha Casa de Um Outro [Esboço de uma biografia poética], edições Asa, 2005 - colecção pequeno formato)
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