IOSIF BRODSKII
Os palhaços estão a demolir o circo. Os elefantes fugiram para a Índia;
os tigres vendem na rua as riscas e as argolas;
no interior da tenda rota, do trapézio pende,
balançando-se como num guarda-roupa, o fraque
dum desiludido ilusionista,
e os poneys, lançando fora as coberturas bordadas, posam para um retrato
do motor. Na pista,
enterrados em serrim, os palhaços brandem no ar
os martelos com toda a gana e demolem o circo.
Público, ou não há ou não aplaude.
Apenas um cãozinho amestrado
late sem parar, sentindo que está cada vez mais próximo
do torrão de açúcar, ou seja, que está quase a ser
mil novecentos e noventa e cinco.
1995
(tradução de Carlos Leite, in Paisagem com Inundação, Livros Cotovia, 2001)
Os palhaços estão a demolir o circo. Os elefantes fugiram para a Índia;
os tigres vendem na rua as riscas e as argolas;
no interior da tenda rota, do trapézio pende,
balançando-se como num guarda-roupa, o fraque
dum desiludido ilusionista,
e os poneys, lançando fora as coberturas bordadas, posam para um retrato
do motor. Na pista,
enterrados em serrim, os palhaços brandem no ar
os martelos com toda a gana e demolem o circo.
Público, ou não há ou não aplaude.
Apenas um cãozinho amestrado
late sem parar, sentindo que está cada vez mais próximo
do torrão de açúcar, ou seja, que está quase a ser
mil novecentos e noventa e cinco.
1995
(tradução de Carlos Leite, in Paisagem com Inundação, Livros Cotovia, 2001)
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