ANTUNES DA SILVA
A PAISAGEM SÓ
Nem sempre o silêncio é grande
Nas altas faias do rio.
Há lágrimas nos valados
E solidões nos montados,
Nos vastos campos lavrados
O enigma de um desafio.
Do longo beijo nas trevas
Que a noite vai semear,
Nasce uma flor mimosa
Que não é cravo nem rosa
Nem papoila esplendorosa
Como as estrelas do mar.
São os caminhos floridos
Das mais suaves cantigas
Que alguém soube decorar,
Cantando a vida a chorar,
De peitos nus, a sangrar
As nossas dores antigas.
Belas imagens de infernos,
De céus doridos e quentes.
Sementes de terras rudes
Onde medram os açudes
E se cantam as virtudes
Da maioria das gentes.
E é doloroso o cantar,
Tanto como esta amargura
De quem ama com secura
A própria vida futura
Que um dia há-de despontar.
Chorosos sonhos de morte
Que a Planície teve um dia.
Há o arvoredo que grita,
Na sua linguagem aflita,
A sua sede maldita
De sol e de ventania.
Nem sempre o silêncio é grande
Nas altas faias do rio.
Há lágrimas nos valados
E solidões nos montados,
Nos vastos campos lavrados
O enigma de um desafio.
(de Esta Terra que é Nossa, Centro Bibliográfico, 1952 - Cancioneiro Geral)
A PAISAGEM SÓ
Nem sempre o silêncio é grande
Nas altas faias do rio.
Há lágrimas nos valados
E solidões nos montados,
Nos vastos campos lavrados
O enigma de um desafio.
Do longo beijo nas trevas
Que a noite vai semear,
Nasce uma flor mimosa
Que não é cravo nem rosa
Nem papoila esplendorosa
Como as estrelas do mar.
São os caminhos floridos
Das mais suaves cantigas
Que alguém soube decorar,
Cantando a vida a chorar,
De peitos nus, a sangrar
As nossas dores antigas.
Belas imagens de infernos,
De céus doridos e quentes.
Sementes de terras rudes
Onde medram os açudes
E se cantam as virtudes
Da maioria das gentes.
E é doloroso o cantar,
Tanto como esta amargura
De quem ama com secura
A própria vida futura
Que um dia há-de despontar.
Chorosos sonhos de morte
Que a Planície teve um dia.
Há o arvoredo que grita,
Na sua linguagem aflita,
A sua sede maldita
De sol e de ventania.
Nem sempre o silêncio é grande
Nas altas faias do rio.
Há lágrimas nos valados
E solidões nos montados,
Nos vastos campos lavrados
O enigma de um desafio.
(de Esta Terra que é Nossa, Centro Bibliográfico, 1952 - Cancioneiro Geral)
1 comentário:
Adoro, parabéns pelo blog.
Deixo aqui, respeitosamente, um convite para ler os poemas de minha autoria.
www.facebook.com/poemasepoetasdarua
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