JOÃO LOPES
POESIA
Pedes mais certeza à poesia
e tens razão em pedir o que todos aprenderam a pedir
porque se não avançamos com precisão
então, como tu disseste, não sabemos para onde vamos
e sem saber para onde vamos
não podemos lá chegar
ignorando que lugar é esse
para onde começámos a caminhar.
Esperas mais transparência da poesia
e tens razão em ansiar por sair do pânico das noites
porque se não celebramos o dia
então, como alguém sugeriu, não merecemos a atenção divina
e sem a protecção da linguagem divina
o destino transforma-se numa feira
mesmo se é verdade que te confunde
que esta estrofe retome o ritmo da primeira.
Anseias por uma poesia sem máscaras
e tens razão em protestar contra todas as mentiras
porque se não nos apresentamos assim mesmo
então, como bem sabemos, desvalorizamos o próprio poeta
e já nos basta que um poeta
chamado Robert Allen Zimmerman
assine Bob Dylan e não desista de o fazer
what the fuck does that mean, man.
Exiges mais rigor à poesia
e tens razão em celebrar a luz das ciências
porque se não nos entregamos à escola
então, como todos sabem, seremos párias sem rosto
e quando se desagrega o rosto
está ameaçada a casa e a identidade
e tudo o que nelas nos garante
o direito de circular pela cidade.
Gostas que a poesia não te desiluda
e tens razão em combater a tristeza nascente
porque se o planeta anda deprimido
então, como eles pediram, organizaremos festas
e ocupados e felizes com as festas
usaremos um anel de diamante
rindo dos touros esquartejados
rastejando numa poça de sangue brilhante.
Desculpa não te seguir
na celebração do mundo certo
os meus deuses são veados
de um poema de sexo incerto.
Aquele cadáver és tu
é isso que a poesia proclama
podes até chamá-lo pelo meu nome
mas não podes obrigá-lo a rimar.
(de Poemas de Guerra, Gótica, 2002)
POESIA
Pedes mais certeza à poesia
e tens razão em pedir o que todos aprenderam a pedir
porque se não avançamos com precisão
então, como tu disseste, não sabemos para onde vamos
e sem saber para onde vamos
não podemos lá chegar
ignorando que lugar é esse
para onde começámos a caminhar.
Esperas mais transparência da poesia
e tens razão em ansiar por sair do pânico das noites
porque se não celebramos o dia
então, como alguém sugeriu, não merecemos a atenção divina
e sem a protecção da linguagem divina
o destino transforma-se numa feira
mesmo se é verdade que te confunde
que esta estrofe retome o ritmo da primeira.
Anseias por uma poesia sem máscaras
e tens razão em protestar contra todas as mentiras
porque se não nos apresentamos assim mesmo
então, como bem sabemos, desvalorizamos o próprio poeta
e já nos basta que um poeta
chamado Robert Allen Zimmerman
assine Bob Dylan e não desista de o fazer
what the fuck does that mean, man.
Exiges mais rigor à poesia
e tens razão em celebrar a luz das ciências
porque se não nos entregamos à escola
então, como todos sabem, seremos párias sem rosto
e quando se desagrega o rosto
está ameaçada a casa e a identidade
e tudo o que nelas nos garante
o direito de circular pela cidade.
Gostas que a poesia não te desiluda
e tens razão em combater a tristeza nascente
porque se o planeta anda deprimido
então, como eles pediram, organizaremos festas
e ocupados e felizes com as festas
usaremos um anel de diamante
rindo dos touros esquartejados
rastejando numa poça de sangue brilhante.
Desculpa não te seguir
na celebração do mundo certo
os meus deuses são veados
de um poema de sexo incerto.
Aquele cadáver és tu
é isso que a poesia proclama
podes até chamá-lo pelo meu nome
mas não podes obrigá-lo a rimar.
(de Poemas de Guerra, Gótica, 2002)
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