GHÉRASIM LUCA
OS GRITOS VÃOS
Ninguém a quem dizer
que nada temos a dizer
e que o nada que dizemos
continuamente
o dizemos a nós mesmos
como se nada nos disséssemos
como se ninguém nos dissesse
nem mesmo nós
que nada temos a dizer
ninguém
a quem poder dizê-lo
nem mesmo nós
Ninguém a quem dizer
que não temos nada a fazer
e que nada mais fazemos
continuamente
o que é um modo de dizer
que não fazemos nada
um modo de não fazer nada
e de dizer o que fazemos
Ninguém a quem dizer
que não fazemos nada
que nada fazemos
senão o que dizemos
nada quer dizer
(tradução de Miguel Serras Pereira, in Sud-Express - poesia francesa de hoje. Relógio D'Água, 1993)
OS GRITOS VÃOS
Ninguém a quem dizer
que nada temos a dizer
e que o nada que dizemos
continuamente
o dizemos a nós mesmos
como se nada nos disséssemos
como se ninguém nos dissesse
nem mesmo nós
que nada temos a dizer
ninguém
a quem poder dizê-lo
nem mesmo nós
Ninguém a quem dizer
que não temos nada a fazer
e que nada mais fazemos
continuamente
o que é um modo de dizer
que não fazemos nada
um modo de não fazer nada
e de dizer o que fazemos
Ninguém a quem dizer
que não fazemos nada
que nada fazemos
senão o que dizemos
nada quer dizer
(tradução de Miguel Serras Pereira, in Sud-Express - poesia francesa de hoje. Relógio D'Água, 1993)
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