JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(palavras finais da «Auto-Poética (a pedido)», que precede Odes Pedestres, editora Ulisseia, 1965)
O que me interessa — o que julgo
interessa à poesia — é a realidade total. Por isso me julgo tão
científico como metafísico; por isso me sinto, sempre e a cada momento,
ao mesmo tempo, em cada um dos três estados da velha e eterna lei
positiva de Augusto Comte. Quem não compreender isto não compreenderá
nada da minha poesia — o que não terá importância de maior—; mas também
pouco entenderá de Poesia, o que é certamente um mal, o terrível mal que
poderia implicar a total danação da humanidade: o não poder nunca vir a
encarar o total real e o aceitar dessa contemplação e acção como a sua
inultrapassável dignidade no plano do criado.
(palavras finais da «Auto-Poética (a pedido)», que precede Odes Pedestres, editora Ulisseia, 1965)
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