JOSÉ MANUEL SIMÕES
PLENO VÁCUO
Repleto no oco do que ao longo
dos braços que o não contêm
se escoa, perde e anula,
o estar presente é não já acto
mas dádiva, porque ao não ter
dou de mim o espaço, emblema
de nos ouvidos e no sangue
poder conter amor, sexo, distância
a pôr entre os que para sempre
e desde sempre sabem
qual o longe de ter ao pé
a solidão que os move e excede
e não dá ao corpo o sossego
de abandono se jazer e imóvel
dizer não à eternidade.
(de Sobras Completas, Abysmo, 2016)
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