ANTÓNIO RAMOS ROSA
NOVA ESTAÇÃO
Toda a gente passou a cumprimentar-nos
O sol é novo através da chuva.
Abrem-se as janelas com cuidado.
Uma frescura sobe ao compasso da terra.
Fomos crianças. As árvores tilintam.
É tempo de trabalhar
inquietamente.
Tempo de caminhar com presteza
pelas calçadas húmidas.
Tempo de ser vergastado pelo vento.
Tempo sério.
A cidade é grande, cinzenta verde.
Paremos.
Os troncos negros brilham.
Há um fervor no ar.
Mil centelhas pululam.
As fachadas são largas, lisas.
Respiremos.
Vamos continuar o dia.
O sol tão disseminado,
vibrante além nas pedras.
E sombra deste lado e quase azul.
Um animal lentamente passa
entre caminhantes apressados.
No tumulto dos metais entre os brilhos,
nós, sossegados, vemos.
(de Estou Vivo e Escrevo Sol, 1966 - este poema pertence à sequência Caminhar Habitar, dedicada "a Sophia de Mello Breyner Andresen e a José Blanc de Portugal")
Sobre Guerra e Paz, de Lev Tolstoi
Há 2 horas
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