RUY CINATTI
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Ao José Blanc de Portugal, especialmente
Ao longo dos campos
Picados pela chuva,
Alguém está brincando
Com alguém eu brinco.
O céu feito de água
Coberto de cinza,
Perdeu toda a graça
Já não faz sentido.
Ah! quanto é bonito
Ver a luz crescer,
As flores vão-se abrindo
E nós vamos ler.
«Uma vez, assim...
a donzela em perigo,
pegou de uma flor
- Eu fujo contigo».
A que olhas, amigo!
Acaso cansei-te?
Brinquemos de novo,
Fechemos o livro.
As águas correndo
Jogam mil segredos.
«Pensei: se quisesse...»
- As águas sorrindo.
«Vestida de branco,
Ei-la, a minha noiva.
Adeus companheiro,
A história acabou».
A meio do céu
O arco perdeu-se;
Julguei ainda vê-los
Em cores cristalinas.
Sorrindo ascendiam
Vestidos de oiro;
Contente e vazio,
E meigo eu rezava.
...............................
Agora, sozinho,
Passaram-se os anos;
As aves chilreiam,
A chuva é de lágrimas.
(de Nós Não Somos Deste Mundo, 1941)
Há mais vida para além do azul
Há 2 horas
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