PEDRO GIL-PEDRO
Nasceu em Sesimbra, em 1973
Junto ao coração esperam
as filhas insanas do esquecimento.
Tão loucas através dos fios e dos tendões.
No seu perfil suado de lâminas, às vezes.
*
Ante os freios
silvestre matura
o fogo.
Entre a matriz e as varas.
Elas
traçam os círculos fusíveis
em torno do eco.
A pedra cresce.
Assim seja.
(in Alma Azul / revista de artes e ideias, Abril de 2002)
Primeiro as agulhas maduras
o fogo com a inclinação de um cutelo.
e a luz
uma fresta na respiração da umbria.
*
Nos dobres da névoa
já não lateja o pulso dormente
das crias
artesoando vértebra sobre
vértebra as toadas da sede.
mas os nascituros
ignoram o azebre ignoram
as núpcias - vão com adormecidos
num círio.
nada lhes digas
até que rompa de novo a primavera
e a sarça
se espalhe nos lameiros.
*
uma corola de obscuridade
o semeador entrelaça as mãos e o corpo
nos instrumentos da ira e propõe-se
enfim
a lascar o silêncio
por fora
e por dentro
até à fulguração da pedra.
(de animais cheios de movimento no inverno, Quasi edições, 2002 - Uma existência de papel)
Por que cose deus a pedra ao coração
dos alveneres como decifrasse a sua própria
metalurgia
e arrasta o panal de sangue
sobre a corrosão da umbria sobre o hálito
simples e perplexo das caleiras abrindo
pelas costas o esquecimento
por que cose deus rente
ao coração e se alouca com o talento
assente em toda a silha vascular -
com os prumos em riste ao golpear a morte -
por que depõe a réstia de claridade
entre as mós obsessivas se elas já não se
movem
e se cose à pedra
(in saudade - revista de poesia, nº 4 - Junho de 2003)
dois docinhos do Xana
Há 5 horas
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