[outros melros XXXVII]
JORGE GOMES MIRANDA
OS SOLITÁRIOS
O primeiro que encontrei era rafeiro e amoral.
Cão, de belo corpo, tal o de Ulisses.
Um melro
íamos aos ninhos...
aguazil com o lusco-fusco
e amigo de Stevens.
O tigre de Blake, a cobra de Lawrence,
a pantera de Rilke, o cavalo indomável da banda desenhada
que não vinha ó António Osório
comer à nossa mesa.
O papagaio verde
de Sena cujas últimas palavras são oraculares.
Esse homem
(que já tem em cima da mesa-de-cabeceira O Elogio da Calvície)
fitando-me ao espelho
inquirindo sobre sonhos e desilusões.
(de Este Mundo, Sem Abrigo, Relógio d'Água editores, 2003)
casados no civil
Há 36 minutos
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