TEOPHILE GAUTHIER
(...)
Se algum poeta madrugador tivesse passado pela Avenida Gabriel com os primeiros rubores da madrugada, teria escutado o rouxinol terminar os últimos trinados do seu canto nocturno, e visto o melro passear nas suas pantufas amarelas pelo jardim, como faria um pássaro que se sentisse em sua casa; mas, se tivesse passado à noite, depois de abafado o último rumor provocado pelas viaturas que regressavam da ópera, esse mesmo poeta teria podido vislumbrar uma sombra branca que dava o braço a um belo jovem; e o poeta teria regressado à sua mansarda, a alma mortalmente triste.
(...)(excerto de Avatar, in Avatar e outros contos fantásticos, editorial Estampa, 1973)
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