CEES NOOTEBOOM
CAUDA
Olha para as coisas, vê-as
na sua inocência metafísica
incertas da sua existência.
Lembra-te da conversa
no caramanchão, um Verão nórdico,
hortênsias, a razão de uma rã,
rosas, mascaras.
Incenso sem igreja.
Uma borboleta a esvoaçar na China
rasga uma tempestade na Finlândia.
Alguém o disse; ficaste calado.
Era o que tu já sabias.
Quando é que as pinturas se desfazem
do pintor, quando é que a mesma matéria
se transforma noutra ideia? A bruma da tarde
passava pela relva, afogada a alameda, a fonte
e a casa.
Música, o chapinhar de remos,
alguém acende a luz, alguém
que não acredita na penumbra.
A pergunta sem resposta erra
pela janela.
(tradução de Arie Pos, in Poesia em Lisboa 2000, Casa Fernando Pessoa e PEN Clube Português, 2000)
Sempre e só Ilinóis
Há 1 hora
1 comentário:
Só para dizer que gostei muito deste poema. Abraço, amigo!
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