2.4.07

RUI BAIÃO

Rácica chita cante
o fado morno da pedreira,
meta a língua no saco de trapo,
remolhe onde não haja quem raciocine.
Saudade ao lado do escalpe de escabeche.
Toranjas, citrinos sugados pela muito putacátia
andreia. Se não fosse o trôpego hino da azáfama,
seria a reviravolta dos mais vândalos. Sorna vírica
à rua do século. Haveria de ser cigana
leviana lituana, mendiga serrana com a tia
do samouco à lapa, à perna:
à tabla, a pimba democracia
dos rasos, pouco dada a emoções;
à viola, a violada retornada do bié,
às voltas com camisas e raspadinhas;
às pandeiretas, coirão, ranheta e pokémon;
aos guizos & chocalhos, o olhar trémulo
bovinamente humano e parlamentar dos jovens
jeovás. Um fósforo em lata étnica
é um bairro periférico que a narrativa
inveja não incendiar. Cantando e rindo,
a nova bufa de laca longa, esfaqueia white
horse amarrado pelos pés ao berço
do amordaçado rapper horse power.

(de Nuez, em co-autoria com Paulo Nozolino, Frenesi, 2003)

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