BERNARDO PINTO DE ALMEIDA
o mar em chamas
todos os livros que leio me falam da tua morte
mas não se pode acreditar em tudo o que se lê
e sabendo embora que a tristeza não existe
não posso deixar de me sentar com a cara apoiada numa das mãos
a vida é uma doença de que alguns se curaram
passo os dias sentado num café à distância
e entre mim e mim existe já uma intimidade insuportável
(como dar de novo ouvidos aos meus mestres de outrora?)
fui dos que julgaram ter nascido para tornar grande o mundo
mas atrasei-me de propósito num quarto cheio de homens
– procuro perceber que tempo é que me cabe –
uma noite fui visto a lançar fogo ao mar
(de A Substância da Saudade (ou os últimos poemas de Américo Radar), in e outros poemas, Quetzal editores, 2002 – este poema pode ser ouvido, na voz do Autor, no cd O Vento a Escrever, Sombra do Amor edições, 2007)
8.7.09
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2 comentários:
A Telemaquia é que tem imenso prazer em citar novos poetas e dar a descobrir novas poesias.
Felicitações!
Recomendadíssima audição!
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