MERGULHO
Com certeza não foi aqui
onde a pedra no fundo d'água
era apenas essa coisa: medo.
Água
(flor carregada de perguntas,
nuvem onde me esgarço, líquida),
a idade da pedra se soubesses
não passearias assim tua tranquilidade.
Água,
responderias talvez com alguma praia
mesmo que as houvesse submersas,
que retivessem um corpo magiciado
– não mais corpo mas só algas,
algas se desfazendo em água.
Eu não saberia dizê-lo certo
mas com certeza não foi aqui.
E o não saber a perda onde encontrar
e o quanto é grande, a água que me chama
me inventa em secreto mar.
RIO, NOV. 1961
(de Espelho Provisório, livraria José Olympio editora, 1970)
Sem comentários:
Enviar um comentário