RUY VENTURA
a carne queima a sombra e a memória.
deixa sobre os olhos um traço negro.
a água não consegue lavar a cinza deste corpo,
sem membros, o tronco enegrece sobre a terra,
deixa nas árvores o último grito –
lançado na hora do abate.
que corpo resguardava esta carne?
trago às palavras um nome, um gesto, uma fronteira.
sem vida, o meu olhar descobre nas vísceras
vestígios de saudade
que a tarde não conseguiu matar.
sangue apenas?
coágulos dissolvem o centro da cidade.
o metal atravessa as estrelas,
reconhece na carne os odores da última viagem.
que noite vivo?
a memória enegrece, mas persiste,
escavo o esquecimento.
a fotografia permanece
– calcinando o fogo.
(de Chave de ignição, editora Labirinto, 2009)
23.7.09
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1 comentário:
Caríssimos: adianto que o meu novo livro está a venda nos seguintes locais:
Livraria Trama , Lisboa
Livraria Poesia Incompleta , Lisboa
Livraria Pó dos Livros , Lisboa
Livraria Letra Livre , Lisboa
...em breve espero tê-lo em Évora, Porto e Faro.
O lançamento será algures em Setembro, algures em Lisboa. Não foi agora devido às providências cautelares interpostas pelos dois maiores partidos com assento parlamentar, a santa inquisição, várias obediências maçónicas e um talhante de Paderne.
Para saberem mais, é apenas visitarem
http://pdaherois.blogspot.com
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