HENRI MICHAUX
— E é sempre —
E é sempre o lanho feito com a lança
o enxame de vespas que ataca os olhos
a lepra
e é sempre o flanco aberto
e é sempre o enterrado vivo
e é sempre o tabernáculo partido
o braço fraco como um cílio contra o rio
e é sempre a noite que volta
o espaço vazio que espiona
e é sempre a velha correia
e é sempre o enterrado vivo
e é sempre o balcão desmoronado.
O nervo trilhado no fundo do coração que recorda
o pássaro-baobá a chicotear o cérebro
a torrente onde o ser se precipita
e é sempre o encontro no meio da tempestade
e é sempre a orla do eclipse
e é sempre atrás do renque das células
o horizonte recuando, recuando...
(mudado para português por Herberto Helder, in Doze Nós Numa Corda, Assírio & Alvim, 1997)
Sobre Guerra e Paz, de Lev Tolstoi
Há 4 horas
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