[poemas com o Papa por cá - IV]
JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
DE «AS OBRAS DE MISERICÓRDIA»
DAR BOM CONSELHO
O conselho é tocar, provar,
Aspirar todos os cheiros do inundo,
Ouvir sempre e ver eternamente,
Abrir as cinco portas; por mais só que estejas
O que entra chega bem para mil vidas.
Depois... é tê-las escancaradas
Pois nada foge e, embora
Saia e entre a cada instante tudo,
É só assim que é possível
Ter e não ter pra sempre tudo.
Casar a pobreza e a riqueza
Viver e morrer mil vezes por segundo
Mudar e ser igual no tempo todo
Cada presente ser
Passado e futuro.
Recusar é deixar;
Conceder tirar;
Tirar é pôr num outro lado;
Pôr é mover;
Mover é fixar num móvel;
Fixar seria
Mudar o futuro.
Esperar é caminhar pra ele.
(de O Espaço Prometido, livraria Moraes editores, 1960 - Círculo de Poesia)
Ladainha dos póstumos Natais
Há 1 hora
2 comentários:
Não conhecia esta POESIA DISTRIBUÍDA NA RUA.
Felizmente encontrei aqui um poema de "O Espaço Prometido", o único livro que me falta em casa.
Sou filha de José Blanc de Portugal e naturalmente gostava de poder ter estes poemas comigo.
Muito obrigada por esta iniciativa e escolha de autores, que me parece muito criteriosa.
Poderei entrar em contacto consigo?
Abraço
Ana Maria de Portugal
Comecei também no Facebook um grupo dedicado à poesia do meu pai, (José Blanc de Portugal-poeta)pois a obra complecta encontra-se por publicar e nada existe no mercado.
A Imprensa Nacional ficou de o fazer mas até agora...NADA!
Gostava de entrar em contacto convosco pois fiquei com a melhor das impressões do vosso trabalho.
Estou a trabalhar com a Mécia de Sena, viúva de Jorge de Sena , grande amigo do meu pai,para que a correspondência entre eles, vastíssima, se publique com a brevidade possível.
Muito obrigada pelo seu trabalho e até breve
Abraço
Ana Maria Blanc de Portugal
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