LUIS MANUEL GASPAR
IBN ABDUN DE ÉVORA
JOGO DO DESTINO
Aflige o Destino, depois do olhar, com marcas.
Porquê chorar agora por sombras e quimeras?
Cuidado! Tem cuidado! Nunca é demais lembrar-te:
Entre o dente e a garra do leão não adormeças!
Não deixes que a vida te iluda e entorpeça,
Se o condão dos seus olhos é vigiar sem trégua.
Oh, noites! Queira Deus afastar-nos do seu ócio,
Noites que a Sorte muda, com mão traiçoeira.
O seu prazer engana: é flor que traz no seio
A víbora que ágil se atira a quem a colhe.
De tanta dinastia que Deus favorecera
O que ficou? Há rastos? Pergunta à tua memória!
(ilustração e poema in O Selo - Revista de Cultura Islâmica e Universal, nº 2, 11 de Julho 1993/21 de Muharram 1414, «magistralmente transcriada do original por Doina Zugravesco, em estreita colaboração com o Prof. Adel Sidarus» - original in Estudos Árabes n.º 1-1982, Publicações "Universidade de Évora")
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