31.8.11

[outros melros LXII]


JOHANNES BOBROWSKI


RESPOSTA


Por cima da cerca
a tua fala:
cai a carga das árvores,
a neve.

E no sabugueiro tombado
o trinado dos melros, a voz
de ervas dos grilos
talha cortes nos muros, voo de andorinhas
a pique
contra a chuva, constelações
passeiam-se pelo céu,
na geada.

Os que me enterram
sob as raízes
ouvem:
ele fala
para a areia
que lhe enche a boca — assim há-de
falar a areia, e há-de
gritar a pedra, e há-de
voar a água.


(de Como um Respirar - antologia poética, tradução de João Barrento, livros Cotovia, 1990)

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