2.3.12


[outros melros LXIII] 

GEORG TRAKL


CANTO DUM MELRO PRESO
A Ludwig von Ficker

Hálito escuro na verde ramaria.
Florinhas azuis pairam em volta da face
Do solitário, fazendo morrer o passo
Dourado sob a oliveira.
Levanta voo a noite em asa ébria.
Tão baixo sangra humildade,
Orvalho, que manso goteja do espinheiro em flor.
Compaixão de braços radiosos
Abraça um coração que quebra.


(in Traduções II – Obras Completas de Paulo Quintela, Fundação Calouste Gulbenkian, 1998 – original de Sebastião em Sonho, 1915)

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