2.10.13

ROBERT BRINGHURST


II

O pássaro é da cor do bronze duro
à luz solar, porém agora é meia-noite;
o pássaro da cor do bronze duro
à luz solar voando agora
sob a Lua.

Há um ponto em que
os meridianos se encontram num nó
de nada e uma região
onde os meridianos se desfiam e entrelaçam,
mas não como linhas ancoradas; desfiam-se
quais condutoras e arrastadas bordas
de asas, correndo do vazio
para o músculo e do músculo de novo se esticando para trás.

Escuta: os sons são os sons dos meridianos
chilreando, meridianos arrastados para produzirem
a ilusão de plectro, afinando cravelhas e um arcaboiço,
ou porventura a fim de produzirem a audição
de Elias: a pele
do silêncio a salgar,
sendo curtida,
endurecendo para o interior do vento.

Ou então os sons são os sons do ar a abrir-se
sobre o bico e a fechar-se sobre as asas,
abrindo-se por sobre o inamovível carregamento amarrado
entre a espinha e a garra,
amarrado entre o osso da asa e o cérebro.



(de A Beleza das Armas, tradução de Júlio Henriques, Antígona, 1994)

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