17.1.14

JOSÉ TERRA


Seremos deuses, enfim, deuses humildes,
generosos, lúcidos e humanos.
Onde acaso tocar o nosso pé
nascerão fontes, pássaros e cânticos.
Dormiremos na fronte das montanhas
com as feras, as aves e as serpentes.
De manhã, na curva do horizonte
raiará nosso filho em vez do sol
e à porfia com rios e colinas
correremos às praias e ao oceano.
As nossas mãos conduzirão os ventos
de todos os quadrantes. E as estrelas
virão dormir no nosso coração.



(de Para o Poema da Criação, 1953)

1 comentário:

Freire de Andrade disse...


Conheci José Terra há muitos, muitos anos, em casa dos meus pais, era eu miúdo. Era amigo do meu pai, João Pedro de Andrade, e foi visita frequente da nossa casa antes de se fixar em Paris, menos frequente depois. Lembro-me do modo quase entusiasmado como descrevia as dificuldades com a censura quando da publicação do seu primeiro livro de poesia “Canto da Ave Prisioneira”. Depois perdi-lhe o rasto, para só agora vir a saber notícias dele, com a notícia da sua morte.