CESAR VALLEJO
E SE DEPOIS DE TANTAS PALAVRAS...
E se depois de tantas palavras,
não sobrevive a palavra!
Se depois das asas dos pássaros,
não sobrevive o pássaro parado!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo e acabemos!
Ter nascido para viver da nossa morte!
Levantar-se do céu rumo à terra
por seus próprios desastres
e espiar o momento de apagar com a sua sombra as suas trevas!
Mais valeria, francamente,
que comam tudo e tanto faz!...
E se depois de tanta história, sucumbimos,
não já de eternidade,
mas dessas coisas simples, como estar
em casa ou pôr-se a matutar!
E se em seguida descobrimos,
subitamente, que vivemos,
a avaliar pela altura dos astros,
pelo pente e as nódoas do lenço!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo, sem dúvida!
Dir-se-á que temos
num dos olhos muita pena
e também no outro muita pena
e nos dois, quando olham, muita pena...
Então... Claro!... Então... nem uma só palavra!
(in Antologia, tradução de José Bento, Limiar, 1981)
E SE DEPOIS DE TANTAS PALAVRAS...
E se depois de tantas palavras,
não sobrevive a palavra!
Se depois das asas dos pássaros,
não sobrevive o pássaro parado!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo e acabemos!
Ter nascido para viver da nossa morte!
Levantar-se do céu rumo à terra
por seus próprios desastres
e espiar o momento de apagar com a sua sombra as suas trevas!
Mais valeria, francamente,
que comam tudo e tanto faz!...
E se depois de tanta história, sucumbimos,
não já de eternidade,
mas dessas coisas simples, como estar
em casa ou pôr-se a matutar!
E se em seguida descobrimos,
subitamente, que vivemos,
a avaliar pela altura dos astros,
pelo pente e as nódoas do lenço!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo, sem dúvida!
Dir-se-á que temos
num dos olhos muita pena
e também no outro muita pena
e nos dois, quando olham, muita pena...
Então... Claro!... Então... nem uma só palavra!
(in Antologia, tradução de José Bento, Limiar, 1981)
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