De resto, tudo o que é belo de qualquer maneira é belo em si mesmo; é perfeito em si e não como parte integrante de si mesmo. O objecto que se louva não se torna por isso nem melhor nem pior. E o mesmo digo daqueles objectos que qualificamos comummente de belos, por exemplo, os objectos materiais e os produtos de indústria. O que é belo essencialmente de nada mais precisa; de nada mais que a lei, que a verdade, que a benevolência, que o pudor. Qual destas virtudes é bela pelo facto de a louvarem ou se avilta pelo facto de a criticarem? Acaso perde o preço a esmeralda se a não enaltece um louvor? E o oiro, o marfim, a púrpura, uma lira, uma espada, uma flor, uma árvore?
(parág.º 20 do Livro IV dos Pensamentos, tradução de João Maia, editorial Verbo, 1971)
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