10.2.08

[Pretendo continuar #1.
O Blogger limitou o acesso ao “E Deus criou a Mulher”, do Miguel Marujo (com SirHaiva). Em jeito de homenagem e solidariedade, inicia-se aqui uma novena de desagravo.]

RONSARD

Pequeno umbigo, meu pensar te adora


Pequeno umbigo, meu pensar te adora,
meu olho não, que nunca houve esse bem,
umbigo que és de quem merece bem
que grã cidade lhe ergam aí fora:

Sinal divino, em que divino mora
o andrógino laço e o retém,
quanto a ti, ó meu bem, quanto também
ledo a teus gémeos flancos honro agora.

Nem a bela cabeça, olhos ou fronte,
nem doce riso, ou mão que faz em fonte
meu coração e em choros me traz ganho,

me podiam, tão belas, contentar
sem esperança um dia de apalpar
teu paraíso onde o prazer amanho.

(tradução de Vasco Graça Moura, in Alguns Amores de Ronsard, Bertrand editora, 2003)

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