[Pretendo continuar #3. Novena de desagravo.]
GOETHE
V
Amantes piedosos somos, em silêncio veneramos todos os demónios,
Desejamos cada deus, cada deusa como amigos.
E assim nos assemelhamos a vós, ó Romanos triunfadores!,
Que aos Deuses de todo o mundo ofereceis domicílio –
Esculpidos pelo Egípcio em escuro e sóbrio granito
Ou pelo Grego em mármore branco e gracioso.
Mas não se zanguem os Eternos se vertemos
O precioso incenso a uma das Divinas em especial.
Sim, confessamos oferecer as nossas preces
E o nosso rito diário em particular a uma delas.
Jocosos, alegres e dedicados, celebramos secretas festas
E o silêncio convém a todos os iniciados.
Antes desafiar de perto as Erínias com feitos medonhos,
Antes arriscar sofrer o duro julgamento
De Zeus, as suas rodas e rochedos,
Do que privar o nosso espírito do rito delicioso.
Ocasião se chama deusa! Conhecei-a,
E amiúde vos surgirá ela com variadas feições.
Podia ser filha de Proteu, gerada por Tétis,
Cuja astúcia muitos heróis enganou.
Assim engana agora a filha o inexperiente e o tímido,
Troça do sonolento, esquiva-se ao vigilante.
Com prazer se entrega ao ousado,
Que a encontra mansa, brincalhona, terna e dedicada.
Certa vez também a mim apareceu: Uma rapariga morena,
Cabelos longos e escuros cobriam-lhe a testa,
Pequenos caracóis o gracioso pescoço
E as madeixas soltavam-se frisadas na nuca.
Não a ignorei, agarrei a fugitiva, e docilmente
Logo ela me devolveu o terno beijo e o abraço.
Oh, como me senti feliz! Mas silêncio, o tempo passou,
Agora sois vós, loiras tranças, que como correias romanas me prendeis.
(de Erotica romana, tradução de Manuel Malzbender, Cavalo de Ferro editores, 2005)
dois docinhos do Xana
Há 10 horas
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